sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Alma



Numa valsa lenta, nesta madrugada, existe um olhar sóbrio de uma alma alugada
cuja melodia se expande quais cordas esticadas de um violino qualquer,
que tocam, plangentes quase como se gritassem...
A alma morre? 
breve momento de descrença enquanto o olhar se fixa na mão que segura a chama de uma vela quase fenecida.

É certo que os pensamentos vão e voltam, 
e se entregam aos sons e às imagens que talvez nem sequer existam além dali...

O que reside aqui, agora, neste instante em que o tempo pára e tudo se resume a isto:
madrugada, pensamentos, violinos, velas...
...descrença...
Alma.

SLL2015

terça-feira, 7 de abril de 2015

Soltas



Espero a minha derradeira dança em 42 notas plangentes tocadas por sombras nebulosas, num mundo que desejava verde e branco, azul, dourado e subtil, quais colinas onde habitam as fadas que há tanto tempo o Homem expulsou do seu mundo....

... para fazer algum sentido, hoje divido pensamentos que geralmente me mantêm cercada, e por isso é o meu punho que dispara agora em revolta e quebra o vidro que separa os dois mundos: o real do real.

... Ah, quem me dera ser o olvido...

SLL2015

domingo, 5 de abril de 2015

Soltas



Correr loucamente pelas pradarias e sentir o vento numa carícia doce, quase como um beijo...
... confessar à lua palavras indizíveis

(o que reside no coração basta-se num olhar).

Dormir um sono com sonhos de pluma e de papel, onde as cores se misturam e se esbatem como num arco-íris imaginário que contém todo o espectro universal....
.... Ah! quem me dera ser mar....


SLL2015

Supernova



Corpos explodem
além do infinito
num êxtase caleidoscópico
sincronizado,
onde arde, para sempre
o vínculo misterioso
ofertado
e recebido, livremente
num acto de amor
... transcendente ...


SLL2015

sábado, 4 de abril de 2015

Soltas




Perco-me nas águas do sentir até que a música termine aquilo que o Amor começou...
.... Ah! quem me dera ser nuvem!


SLL2015

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Esse Mar...




No vaivém das ondas sinto o fluxo das tuas marés
eróticas e exóticas em pensamentos longínquos e paralelos.
A linha do horizonte limita o meu olhar, mas não a vastidão da minha alma
que se eleva e se estende por sobre aquele azul:
azul céu, azul mar, azul noite, azul tinta de pincéis de um artista qualquer.
Deixa os teus dedos vaguear nas ondas dos meus cabelos, como além o barco bolina ao sabor do vento,
sem destino, sem meta... apenas porque está...
...como eu estou, e tu estás, aqui, hoje,
aqui agora e aqui para sempre.
Fica comigo... deixa o teu coração bater no meu como batem as vagas na areia,
em que caminho descalça, e deixo voar o meu lenço de seda... também ele azul,
que leva escrito em cada fio da tecelagem um conto de amor e de vida,
de pesar e de angústia,
de esperança e de renascer...
Ah, o mar... esse mar...


SLL2015

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Para Além...




A cada passo que dou, a cada linha que escrevo, a tua presença impera como o fogo que consome a madeira envelhecida pelo tempo,
batida ao vento de leste, tal qual a brisa que sai dos teus lábios quando os separas para um beijo húmido e cálido como a espuma do mar.

Dança comigo pelas esferas celestes, pelos mares leitosos do universo, de cujas águas bebo, insaciável enquanto os teus braços me levam de volta a casa.

Vejo palavras sem nexo desfilando ante meus olhos enquanto contemplo todas as facetas de mim e as trabalho com a delicadeza de um amante há muito esquecido.

O mar, é eterno e tudo o que sou é simplesmente...
uma gota na imensidão de um rio

e quantos rios partem dessas águas que, quando traçadas a lápis, se vê nelas passado e presente, futuro e um destino?

O preço deste destino é uma bem-aventurança do que havia conhecido...

uma fénix fulgurante subindo dos fogos do Hades, ofuscando o sol em que se funde ao sair pela minha janela, de regresso à vida

e essa luz é reflectida nas águas doces do teu mar, ali, além de todas as praias,
para lá da areia onde se encontram paraísos incontados... coração no coração e daí para a eternidade.

Se a minha força é Luz aberta, a minha dor é a Treva profunda onde me esperas, no final do mais profundo oceano cósmico, empunhando as tintas com que coloriste e embaciaste a minha alma, não com correntes, mas com fitas de seda rubra como os meus lábios

E na minha pena correm as palavras que te perfumam, como a prata líquida que percorre os teus cabelos...

SLL2015

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Nova Era



E as estrelas arderão com o sangue da nova Era... 
Como cordeiro, une- te ao lobo, 
da mentira se farão verdades e as verdades são imutáveis sob o Eterno. 
A bravura esconde-se na capa do covarde e sob a bravata existe a covardia. 
Quando a treva do real se derramar no solo fértil e os raios de lua o fecundarem, 
a hora dos feitiços chegará 
e a bruma será rasgada pelos dentes da serpente...

SLL2015

Noite





Apagam-se as luzes, encerra-se o dia.Amanhã será lavado e posto a secar...
e no fim de contas, tudo o que resta
são os sépias, os cinzentos
os desnudos quentes e húmidos
os lábios que percorrem o vazio...
vejo-te amanhã, talvez...
numa aurora antes do amanhecer...


SLL2015

domingo, 4 de janeiro de 2015

Roda da Vida




Acendo velas para celebrar a Luz
pois apesar de ser dia, a escuridão adivinha-se densa algures...
Por isso todos os dias me visto de força, de espada e de escudo
e nesse trajo esplendoroso, permito-me ser livre.
Nada temo dos opróbrios dos meros mortais
nem me aterrorizam os seus insultos,
prossigo, limpando apenas as suas imagens da sola dos sapatos como se de pó se tratassem.
A mudança aproxima-se inexoravelmente
e calmamente me despeço de tudo o que me não serve.
Chega a hora de cortar os laços e entregar o fio a Ariadne:
nascimento, vida, morte
renascimento...
ciclo contínuo numa roda existencial e perene.
Quantos não zombam do nascimento de uma "ilusão"
que não é mais que a Luz que os "cegos" não querem ver?
Descanso por breves instantes, na sombra dum carvalho antigo
onde dançam as Dríades, e chovem gotas de orvalho...
esta alma tão antiga como a minha, lembra-me da necessidade de deitar os meus fardos à terra
a fim de que o fogo interior se expanda até alcançar os confins mais longínquos do universo
e permitir que as almas sem brilho nele se possam ao menos aquecer.


E enquanto os espíritos da natureza brincam à volta desta árvore sagrada,
a roda continua o seu percurso...

SLL2015